O que todo profissional de TI precisa saber sobre código aberto

Postado em 30 de abr de 2022
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Se você trabalha ou deseja se tornar um profissional de TI, é possível que já tenha ouvido falar em código aberto. Afinal, o uso de softwares de código aberto é uma das principais tendências no setor de tecnologia da informação na atualidade.

Quando falamos nesses softwares, o primeiro exemplo que vem à mente é o sistema operacional Linux, que compete com o tradicional Microsoft Windows em computadores.

No entanto, existem outros softwares sendo desenvolvidos com base em códigos abertos. Por isso, conhecer esse universo é essencial para quem atua ou deseja atuar na área da TI.

Neste artigo, explicaremos o que é, quais as principais características do código aberto e por que o conhecimento na área é indispensável para o futuro do profissional de TI.

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O que significa código aberto

O termo código aberto vem da definição em inglês “open source”.

Esse conceito é utilizado  para designar softwares que possuem códigos disponíveis para download livre. Ou seja, qualquer pessoa pode baixar, utilizar e modificar o código.

O código-fonte de um programa diz respeito à sua estrutura. É um grupo de palavras e símbolos ordenados, escritos em uma linguagem de programação, que permite que os softwares sejam executados por um computador.

Em outras palavras, o código-fonte é a versão mais simples de um software, apresentando-se da forma como ele foi escrito pelo desenvolvedor.

Existem dois tipos de código fonte: os abertos e os fechados.

O código aberto surgiu como uma alternativa ao código fechado, que exige o cumprimento de direitos autorais e intelectuais sobre os softwares que são comercializados.

Para utilizar um software criado no modelo fechado, é preciso passar por diversas questões burocráticas para obter a licença da empresa criadora do código. Além disso, um software de código fechado não permite modificações.

Já no modelo de código aberto, o criador do código, seja o desenvolvedor ou a empresa por trás do desenvolvimento, abre mão da propriedade intelectual do código. Sendo assim, outros desenvolvedores podem usufruir gratuitamente dele.

A ideia por trás do código aberto está bastante vinculada à cultura de colaboração entre os desenvolvedores. Afinal, ele permite que terceiros possam evoluir e resolver problemas existentes em um software, além de flexibilizar o trabalho dos programadores.

O órgão responsável por gerenciar essas licenças é a ONG Open Source Initiative (OSI).

Características do código aberto

A definição de código aberto foi criada pela OSI a partir do texto original da Debian Free Software Guidelines. Segundo esse documento, um programa de código aberto deve garantir:

  • Livre distribuição: a distribuição da licença deve ser livre, inclusive para venda.
  • Código fonte: o código-fonte que acompanha o software deve ser legível por qualquer programador e precisa ser disponibilizado.
  • Trabalhos derivados: a licença não pode restringir outros trabalhos derivados do original. Contudo, a licença pode requerer que softwares que usam o código fonte modificado tenham uma identificação diferente do programa original.
  • Não discriminação contra pessoas ou grupos: a licença deverá estar disponível a todas as pessoas e não pode excluir ninguém.
  • Não discriminação contra fins de utilização: a licença do programa deverá permitir que ele seja utilizado por qualquer área de atuação.
  • Distribuição da licença: os direitos da distribuição livre devem ser aplicáveis a todos os programas derivados, sobre os mesmos termos da licença original.
  • Licença não específica a um produto: se o programa faz parte de um software, esse software todo deve ser distribuído.
  • Licença não restritiva a outros softwares: deve ter uma licença que não restrinja outros programas que possam vir atrelados.
  • Licença neutra tecnologicamente: a licença não pode restringir alterações de interface, estilo ou adições de novas tecnologias.

A diferença entre código aberto e fechado

Os primeiros softwares eram desenvolvidos com códigos fechados. Ou seja, o acesso ao seu código-fonte, modificações e distribuição ficavam restritos às empresas que os criaram.

É o caso de alguns dos softwares mais famosos da atualidade, como o pacote Office da Microsoft, que possui código fechado e sem acesso ao público.

No entanto, durante as décadas de 1980 e 1990, começou um movimento na área da TI em favor da liberdade e do compartilhamento do código-fonte, defendendo uma filosofia open source. Nascia, então, o conceito de código aberto.

A principal diferença entre esses dois modelos está no código-fonte.

Os códigos abertos tem o código-fonte disponível para acesso e modificação por qualquer usuário, ao contrário de um código fechado. Outro diferencial entre é o preço. Os códigos abertos são gratuitos em sua maioria, enquanto os códigos fechados geralmente são pagos.

Além disso, softwares de códigos fechados podem incluir a possibilidade de se contratar um suporte em casos de dúvida ou mau funcionamento. Já quando se utiliza códigos abertos, o comum é recorrer a programadores especializados ou artigos para resolver o problema.

Exemplos de softwares de código fechado:

  • IOS
  • Windows
  • Microsoft Office

Exemplos de softwares de código aberto:

  • Linux
  • Thunderbird
  • Sunbird
  • OpenOffice
  • ClamWin

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As vantagens do código aberto

Abaixo, apresentamos as principais vantagens de se trabalhar com código aberto:

1. Personalização

Os softwares open source fornecem o código-fonte não apenas para leitura, mas também para sua adaptação. Isso permite que os desenvolvedores possam fazer modificações para melhorar a experiência da ferramenta.

Ou seja, o programador consegue personalizar o software de acordo com suas necessidades e demandas. Essa personalização pode trazer muitas vantagens para algumas empresas, possibilitando o aumento da produtividade e até mesmo dos lucros.

2. Possibilidade de fazer correções e corrigir bugs

Ao contrário dos softwares fechados, os de código aberto podem ser corrigidos a qualquer momento e por qualquer desenvolvedor, sem precisar esperar por atualizações da empresa criadora da solução.

Dessa forma, as falhas são encontradas e corrigidas de modo rápido e sem mais complicações.

3. Diminuição dos gastos

Na maioria das vezes, não é necessário pagar por uma licença de uso de um software de código aberto, o que pode diminuir drasticamente os gastos de uma instituição. Entretanto, vale deixar claro que a gratuidade não é uma regra.

De qualquer forma, escolher essas soluções acaba enxugando custos, especialmente em companhias que contam com seus próprios desenvolvedores. Esses profissionais podem fazer as atualizações necessárias sem que seja preciso comprar uma nova licença.

4. Colaboração

Com o código aberto, as ferramentas são constantemente aprimoradas e redistribuídas, deixando que as melhorias ultrapassem os muros de uma empresa e alcancem toda uma comunidade.

Assim, programadores de negócios concorrentes podem trabalhar juntos e encontrar em conjunto saídas para bugs e outros desafios.

5. Interação com outras ferramentas

Em geral, as soluções com código fechado não permitem interações com softwares e dispositivos de outros desenvolvedores. Essa característica pode complicar a rotina dos profissionais de TI.

Ferramentas de código aberto, por outro lado, se adaptam com mais facilidade a produtos de origens variadas, o que pode facilitar muito a rotina de trabalho.

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As desvantagens do código aberto

Assim como tem pontos positivos, o código aberto também possui algumas desvantagens. Confira as principais:

  • Eventuais problemas de segurança: como o código aberto é disponível para todos, o trabalho de hackers é facilitado, o que pode trazer alguns prejuízos.
  • Falta de organização: O código aberto está sempre mudando e em processo de adaptação. Essa característica faz com que em alguns casos não existam instruções organizadas em uma documentação.
  • Nível maior de dificuldade: por não ter instruções organizadas, a programação dos softwares de código aberto pode ser mais difícil, requisitando um conhecimento mais aprofundado e especializado. 

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Os softwares de código aberto mais usados por profissionais de tecnologia

Agora que você já entende o que é código aberto, é hora de conhecer os principais softwares nesse modelo:

  • ASYNC: é uma ferramenta amplamente usada no desenvolvimento de back-end para lidar com chamadas assíncronas. Sua principal vantagem é a possibilidade de processar várias solicitações ao mesmo tempo.
  • KIND-OF: é um módulo de verificação do tipo rápido e que ajuda a determinar o tipo de dados do valor nativo do javascript.
  • NODE.JS: é um software de código aberto, multiplataforma, baseado no interpretador V8 do Google e que permite a execução de códigos javascript fora de um navegador web.
  • ISARRAY: é um pacote npm que ajuda a fornecer um melhor tratamento das matrizes no navegador mais antigo e nas versões obsoletas do Node.js.
  • READABLE-STREAM: é a biblioteca principal do Node.js que ajuda a trabalhar com dados de streaming.
  • THUNDERBIRD: é um software de código aberto desenvolvido pela Mozilla. A ideia do programa é, principalmente, ser um cliente de e-mails, como é o caso do Gmail e Outlook.
  • VIRTUALBOX: permite que os usuários utilizadores criem máquinas virtuais com diferentes sistemas operacionais. Através dele, é possível criar vários servidores ou ambientes de trabalho dentro de uma mesma CPU.

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A demanda das organizações por profissionais que entendam de código aberto

O código aberto demorou muito para ser aceito na comunidade de desenvolvimento, mas atualmente pode ser considerado um padrão na criação de software.

Em função disso, existe um mercado de trabalho muito aquecido para os profissionais de TI que entendem do assunto. Na contramão, ainda são poucos os trabalhadores com habilidades suficientes para atuar na área.

As informações são da edição 2021 do Open Source Jobs Report, estudo realizado com 200 gerentes técnicos de contratação e 750 profissionais de código aberto de regiões ao redor do mundo, incluindo a América do Sul.

Segundo a pesquisa, a grande maioria (92%) dos gerentes de contratação entrevistados relatou dificuldade em encontrar talentos com habilidades de código aberto. Isso ocorre principalmente porque metade das empresas está acelerando as contratações de profissionais de código aberto, o que acaba agravando ainda mais a lacuna de talentos.

Além disso, o levantamento também demonstra que a maioria das empresas contratantes (46%) tem dificuldade para encontrar profissionais no campo de desenvolvimento de aplicativos nativos em nuvem e habilidades operacionais.

Ou seja, existe uma grande demanda por profissionais com habilidades em código aberto. Contudo, ainda é escassa a mão de obra qualificada para atender esse mercado.

Se você trabalha ou deseja entrar no universo da TI, especializar-se em código aberto pode ser uma ótima alternativa para sua carreira.

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Mariana Moraes

Por Mariana Moraes

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