Você conhece as escolas literárias brasileiras?
Se você está se preparando para o Enem, saiba que esse conhecimento é essencial para se sair bem nas questões de literatura.
Pensando nisso, a seguir, apresentamos os principais movimentos literários brasileiros que aparecem na prova do Enem. Fique conosco e descubra tudo sobre o assunto!
Aqui você vai conferir:
O que são escolas literárias
As escolas literárias brasileiras
As escolas literárias brasileiras que caem no Enem
O que são escolas literárias
Escolas literárias — ou movimentos literários — são conjuntos de produções literárias reunidas por características em comum.
A temática, a estética — como figuras de linguagens recorrentes, por exemplo —, o papel social, o contexto social, a natureza psíquica ou filosófica, o conjunto de autores e o público são alguns dos fatores que constituem uma escola literária.
Juntos, esses denominadores demonstram uma continuidade literária que, situada cronologicamente, estabelece o que chamamos de movimento ou escola literária.
É por isso que vemos textos de autores com mesmas características, em um mesmo período histórico, sob mesmo contexto social ou sob mesma influência filosófica pertencendo a uma mesma escola literária.
Contudo, é importante ressaltar que na literatura, assim como em outras formas de manifestação artísticas, nada é estático.
Dessa forma, é perfeitamente possível que um texto com características barrocas (escola literária do século XVII) seja escrito hoje, assim como também é possível que um texto modernista carregue traços do realismo.
Lembre-se que os movimentos literários são uma maneira de sistematizar didaticamente os estudos literários, e não um conjunto de regras que todos os autores devem seguir.
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As escolas literárias brasileiras
No Brasil, dividimos as escolas literárias em duas grandes eras: Era Colonial e Era Nacional.
Os movimentos literários iniciaram com a chegada dos portugueses, em 1500 (e a Carta de Pero Vaz de Caminha). O limite entre as eras é a Independência do Brasil em 1822, que marca o início da Era Nacional.
As escolas da Era Colonial refletem a influência da literatura portuguesa, afinal elas surgiram com o descobrimento do Brasil e se sucederam até alguns anos antes da independência.
A Era Colonial é representada pelas seguintes escolas literárias:
- Quinhentismo (de 1500 a 1601);
- Barroco (de 1601 a 1768);
- Arcadismo (de 1768 a 1808);
Entre os anos 1808 e 1836 há um período de transição.
Já a Era Nacional, reúne toda a produção literária pós-período de transição, ou seja, de 1836 até a literatura contemporânea.
Nela, predomina a vertente estética iniciada pelos primeiros escritores, que se esforçaram para construir nossa autonomia literária e em criar uma literatura genuinamente brasileira.
A Era Nacional é representada pelas seguintes Escolas Literárias:
- Romantismo (de 1836 a 1881);
- Realismo e Naturalismo (de 1881 a 1922);
- Parnasianismo (1882 a 1922)
- Simbolismo (de 1893 a 1922);
- Pré-Modernismo (1902 a 1922)
- Modernismo (de 1922 a 1950);
- Tendências contemporâneas.
Antes de falarmos mais sobre as escolas literárias brasileiras, é interessante pontuarmos que há também alguns movimentos europeus que não chegaram ao Brasil, mas que, além de influenciar a literatura brasileira, costumam cair no Enem. São elas:
- Trovadorismo (1189 a 1418);
- Humanismo (1418 a 1527);
- Classicismo (1527 a 1580).
Sendo assim, não poderíamos deixar de mencioná-los.
As escolas literárias brasileiras que caem no Enem
No tópico anterior, falamos de forma abrangente sobre as escolas literárias brasileiras. São muitas, não é mesmo?
Pensando nisso, apresentamos abaixo as características daquelas que aparecem de forma mais frequente nas questões do Enem.
Confira abaixo quais são:
1. Barroco
Barroco é o estilo artístico que floresceu entre o final do século XVI e meados do século XVIII, inicialmente na Itália.
Na literatura brasileira, o marco inicial do barroco foi a publicação da obra Prosopopeia (1601), de Bento Teixeira, durante o período colonial.
Assim como na Europa, o barroco na literatura brasileira é marcado pela contradição, pela dualidade, pela riqueza de detalhes e pelo exagero.
Características dos barroco literário brasileiro
- Linguagem dramática;
- União do religioso e do profano;
- Racionalismo;
- Dualismo;
- Jogo de contrastes;
- Exagero e rebuscamento;
- Uso de figuras de linguagem;
- Valorização dos detalhes;
- Cultismo (jogo de palavras);
- Conceptismo (jogo de ideias).
Principais autores e obras do Barroco
- Bento Teixeira (1561-1618)
- Gregório de Matos (1633-1696)
- Manuel Botelho de Oliveira (1636-1711)
- Frei Vicente de Salvador (1564-1636)
- Frei Manuel da Santa Maria de Itaparica (1704-1768)
2. Arcadismo
O Arcadismo é uma escola literária que surgiu na Europa no século XVIII, mais precisamente entre 1756 e 1825.
No Brasil, esse movimento literário foi expressivo durante a segunda metade do século XVIII. Seus principais autores viveram em Vila Rica, atual Ouro Preto, em Minas Gerais.
A Inconfidência Mineira é um evento que está muito ligado a essa vertente literária.
O marco inicial do Arcadismo no Brasil foi a publicação de Obras Poéticas, de Cláudio Manuel da Costa, em 1768.
Em termos de análise literária, é possível dizer que esse movimento teve três manifestações diferentes: as obras líricas, as satíricas e as épicas.
Características do Arcadismo
- Exaltação da natureza
- Valorização do cotidiano e da vida simples, pastoril e no campo (bucolismo)
- Crítica a vida nos centros urbanos
- Linguagem simples
- Utilização de pseudônimos
- Objetividade
- Temas simples: amor, vida, casamento, paisagem
- Fugere Urbem (fugir da cidade)
- Inutilia Truncat (cortar o inútil)
- Aurea Mediocritas (mediocridade áurea/vida comum)
- Locus Amoenus (refúgio ameno/agradável)
Os principais escritores do Arcadismo
- Cláudio Manuel da Costa
- Santa Rita Durão
- Basílio da Gama
- Tomás Antônio Gonzaga
3. Realismo
O Realismo tem origem na França. No Brasil, ele surge depois do Romantismo e antes do Simbolismo, compreendendo os anos 1881 a 1893 – mesma época em que o Naturalismo e o Parnasianismo também ocorreram.
Marcado pela objetividade, pela veracidade e pela denúncia social, o Realismo brasileiro tem início com a obra Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, publicada em 1881.
Após a publicação desse romance, o escritor também publicou duas outras grandes obras realistas: Quincas Borba e Dom Casmurro.
Quando o Realismo surge no Brasil, o país passava por muitas mudanças, entre elas o processo de abolicionismo e a proclamação da República.
Todo esse cenário levou os autores realistas a rejeitarem a subjetividade e o sentimentalismo, recorrendo também a uma linguagem mais objetiva e analítica.
Não é à toa que o narrador realista faz frequentemente críticas sociopolíticas, centrada nos acontecimentos contemporâneos e na análise psicológica dos personagens.
Características do realismo brasileiro
- Inversão dos ideais do Romantismo;
- Enfoque no homem e no seu cotidiano;
- Crítica social;
- Linguagem simples e objetiva;
- Personagens e ambientes descritos de forma detalhada.
Principais obras do realismo braisileiro
- Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis (1881)
- Dom Casmurro, de Machado de Assis (1899)
- Quincas Borba, Machado de Assis (1891)
- O Ateneu, de Raul Pompeia (1888)
- Canções sem Metro, de Raul Pompeia (1900)
Machado e Pompeia são os autores que possuem obras com as características marcantes do realismo. Além de ambos, Aluísio Azevedo, Rodolfo Teófilo e Visconde de Taunay também têm trabalhos com marcas realistas.
4. Modernismo
O modernismo no Brasil foi um movimento artístico, cultural e literário que se caracterizou pela liberdade estética, o nacionalismo e a crítica social.
Inspirado pelas inovações artísticas das vanguardas europeias (cubismo, futurismo, dadaísmo, expressionismo e surrealismo), o modernismo teve como marco inicial a Semana de Arte Moderna, que se realizou entre os dias 11 e 18 de fevereiro de 1922, no Theatro Municipal de São Paulo.
O modernismo no Brasil pode ser dividido em três fases, também chamadas de gerações. Conheça quais são:
Primeira fase modernista (1922-1930) – a fase heroica ou de destruição
A primeira fase do modernismo esteve voltada para a busca de uma identidade nacional.
Nesse momento, diversos artistas aproveitaram a agitação causada pela Semana de Arte Moderna para romper com os modelos preconcebidos que, segundo eles, eram limitados e impediam a criatividade.
Inspirado nas ideias das vanguardas artísticas europeias, os artistas buscam uma renovação estética. Por esse motivo, ela é conhecida como a "fase heroica", sendo a mais radical de todas.
É também chamada de "fase de destruição", pois propunha a destruição dos modelos que vigoravam no cenário artístico-cultural do país.
Características da primeira fase modernista
- fase mais radical e nacionalista;
- busca de uma identidade nacional;
- maior liberdade formal com rupturas da sintaxe;
- presença de regionalismos e linguagem informal;
- valorização do folclore, arte e cultura popular brasileira;
- uso de versos livres, que não possuem métrica (medida);
- uso de versos brancos, com ausência de rimas;
- utilização do sarcasmo e da ironia.
Autores e obras da primeira fase modernista
- Mario de Andrade (1893-1945) - Obras: Paulicéia Desvairada (1922), Amar, Verbo Intransitivo (1927) e Macunaíma (1928).
- Oswald de Andrade (1890-1954) - Obras: Os condenados (1922), Memórias Sentimentais de João Miramar (1924) e Pau Brasil (1925).
- Manuel Bandeira (1886-1968) - Obras: A cinza das horas (1917), Carnaval (1919) e Libertinagem (1930).
Segunda fase modernista (1930-1945) - a fase de consolidação ou geração de 30
A segunda fase do modernismo, chamada de fase de consolidação ou geração de 30, começou em 1930 e durou até 1945, quando terminou a Segunda Guerra Mundial.
Ela apresentava maior equilíbrio e racionalidade em seus escritos.
Foi um momento de amadurecimento da literatura brasileira, caracterizado por temáticas nacionalistas, regionalistas e de caráter social, com predomínio de uma literatura mais crítica e revolucionária.
Além da prosa de ficção, a poesia brasileira também se consolidou nesse período — o que significou o maior êxito para os modernistas.
Características da segunda fase modernista
- fase de consolidação do modernismo no Brasil;
- vasta produção literária em poesia e prosa (poesia de 30 e romance de 30);
- valorização do regionalismo e da linguagem popular;
- utilização de versos livres, sem métrica, e brancos, sem rimas;
- crítica à realidade social brasileira;
- valorização da diversidade cultural do país;
- temática cotidiana, social, histórica e religiosa.
Autores e obras da segunda fase modernista
- Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) - Obras: Alguma poesia (1930), A Rosa do povo (1945) e Claro Enigma (1951).
- Murilo Mendes (1901-1975) - Obras: Poemas (1930), A poesia em pânico (1937) e As metamorfoses (1944).
- Jorge de Lima (1893-1953) - Obras: Novos poemas (1929), O acendedor de lampiões (1932) e O anjo (1934).
- Cecília Meireles (1901-1964) - Obras: Espectros (1919), Romanceiro da Inconfidência (1953) e Batuque, Samba e Macumba (1935).
- Vinicius de Moraes (1913-1980) - Obras: Poemas, Sonetos e Baladas (1946), Antologia Poética (1954), Orfeu da Conceição (1954).
- Graciliano Ramos (1892-1953) - Obras: Vidas Secas (1938), São Bernardo (1934), Angústia (1936), Memórias do cárcere (1953).
- José Lins do Rego (1901-1957) - Obras: Menino do Engenho (1932), Doidinho (1933), Banguê (1934) e Fogo morto (1943).
- Jorge Amado (1912-2001) - Obras: O País do Carnaval (1930), Mar morto (1936) e Capitães da areia (1937).
- Rachel de Queiroz (1910-2003) - Obras: O quinze (1930), Caminho das pedras (1937) e Memorial de Maria Moura (1992).
- Érico Veríssimo (1905-1975) - Obras: Olhai os lírios do campo (1938), O Tempo e o Vento - 3 volumes (1948-1961) e Incidente em Antares (1971).

Terceira fase modernista (1945-1960) — a geração de 45
Com o fim da Segunda Guerra Mundial e o processo de redemocratização do país, em 1945, a arte brasileira produzida na terceira fase do modernismo ganha novos contornos e linguagens.
Muitos críticos literários defendem que essa fase terminou em 1960, enquanto outros acreditam que ela perdura até o presente.
Esse momento, que ficou conhecido como “Geração de 45”, reuniu um grupo de escritores, muitas vezes chamados de neoparnasianos, que buscavam uma poesia mais equilibrada e objetiva.
Além da poesia, há uma diversidade grande na prosa com a prosa urbana, intimista e regionalista.
Características da terceira fase modernista
- linguagem mais objetiva e equilibrada;
- influência do Parnasianismo e Simbolismo;
- oposição à liberdade formal;
- forte preocupação com a estética e a perfeição;
- valorização da métrica e da rima;
- temática social e humana.
Autores e obras da terceira fase modernista
- Mario Quintana (1906-1994) - Obras: Rua dos cataventos (1940), Canções (1946) e Baú de espantos (1986).
- João Cabral de Melo Neto (1920-1999) - Obras: Pedra do sono (1942), O cão sem plumas (1950) e Morte e vida severina (1957).
- Guimarães Rosa (1908-1967) - Obras: Sagarana (1946), Primeiras Estórias (1962) e Grande Sertão: Veredas (1956).
- Clarice Lispector (1920-1977) - Obras: Perto do coração selvagem (1942), A paixão segundo G. H (1964) e A hora da estrela (1977).
Resumo das escolas literárias brasileiras que mais aparecem no Enem
Escolas literárias |
Características |
Autores e Obras |
Barroco (1601 - 1768) |
Caracteriza-se pelos detalhes, pelo exagero e pelo rebuscamento. Destacam-se os conceitos de cultismo e o conceptismo. |
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Arcadismo (1768 - 1808) |
Exaltação da natureza e linguagem simples. É marcado principalmente pela simplicidade dos temas abordados. |
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Realismo (1881 - 1893) |
É marcado pela objetividade, temática social e linguagem objetiva. |
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Modernismo (1922 - 1950) |
Divide-se em três fases:
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Conclusão
Neste artigo, falamos sobre as escolas literárias brasileiras. Se você está se preparando para o Enem, não deixe de conferir outros textos do EAD UMC sobre os conteúdos do exame. Confira abaixo nossas sugestões: