Literatura no Enem: conheça as escolas literárias brasileiras

Postado em 2 de jul de 2022
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Você conhece as escolas literárias brasileiras?

Se você está se preparando para o Enem, saiba que esse conhecimento é essencial para se sair bem nas questões de literatura.

Pensando nisso, a seguir, apresentamos os principais movimentos literários brasileiros que aparecem na prova do Enem. Fique conosco e descubra tudo sobre o assunto!

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O que são escolas literárias 

Escolas literárias — ou movimentos literários — são conjuntos de produções literárias reunidas por características em comum. 

A temática, a estética — como figuras de linguagens recorrentes, por exemplo —, o papel social, o contexto social, a natureza psíquica ou filosófica, o conjunto de autores e o público são alguns dos fatores que constituem uma escola literária.

Juntos, esses denominadores demonstram uma continuidade literária que, situada cronologicamente, estabelece o que chamamos de movimento ou escola literária. 

É por isso que vemos textos de autores com mesmas características, em um mesmo período histórico, sob mesmo contexto social ou sob mesma influência filosófica pertencendo a uma mesma escola literária.

Contudo, é importante ressaltar que na literatura, assim como em outras formas de manifestação artísticas, nada é estático. 

Dessa forma, é perfeitamente possível que um texto com características barrocas (escola literária do século XVII) seja escrito hoje, assim como também é possível que um texto modernista carregue traços do realismo.  

Lembre-se que os movimentos literários são uma maneira de sistematizar didaticamente os estudos literários, e não um conjunto de regras que todos os autores devem seguir. 

As escolas literárias brasileiras 

No Brasil, dividimos as escolas literárias em duas grandes eras: Era Colonial e Era Nacional. 

Os movimentos literários iniciaram com a chegada dos portugueses, em 1500 (e a Carta de Pero Vaz de Caminha). O limite entre as eras é a Independência do Brasil em 1822, que marca o início da Era Nacional. 

As escolas da Era Colonial refletem a influência da literatura portuguesa, afinal elas surgiram com o descobrimento do Brasil e se sucederam até alguns anos antes da independência.

A Era Colonial é representada pelas seguintes escolas literárias:

  • Quinhentismo (de 1500 a 1601);
  • Barroco (de 1601 a 1768);
  • Arcadismo (de 1768 a 1808); 

Entre os anos 1808 e 1836 há um período de transição. 

Já a Era Nacional, reúne toda a produção literária pós-período de transição, ou seja, de 1836 até a literatura contemporânea. 

Nela, predomina a vertente estética iniciada pelos primeiros escritores, que se esforçaram para construir nossa autonomia literária e em criar uma literatura genuinamente brasileira.

A Era Nacional é representada pelas seguintes Escolas Literárias:

  • Romantismo (de 1836 a 1881);
  • Realismo e Naturalismo (de 1881 a 1922);
  • Parnasianismo (1882 a 1922)
  • Simbolismo (de 1893 a 1922);
  • Pré-Modernismo (1902 a 1922)
  • Modernismo (de 1922 a 1950);
  • Tendências contemporâneas.

Antes de falarmos mais sobre as escolas literárias brasileiras, é interessante pontuarmos que há também alguns movimentos europeus que não chegaram ao Brasil, mas que, além de influenciar a literatura brasileira, costumam cair no Enem. São elas:

Sendo assim, não poderíamos deixar de mencioná-los. 

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As escolas literárias brasileiras que caem no Enem 

No tópico anterior, falamos de forma abrangente sobre as escolas literárias brasileiras. São muitas, não é mesmo?

Pensando nisso, apresentamos abaixo as características daquelas que aparecem de forma mais frequente nas questões do Enem. 

Confira abaixo quais são:

1. BARROCO 

Barroco é o estilo artístico que floresceu entre o final do século XVI e meados do século XVIII, inicialmente na Itália.

Na literatura brasileira, o marco inicial do barroco foi a publicação da obra Prosopopeia (1601), de Bento Teixeira, durante o período colonial.

Assim como na Europa, o barroco na literatura brasileira é marcado pela contradição, pela dualidade, pela riqueza de detalhes e pelo exagero. 

Características dos barroco literário brasileiro 

  • Linguagem dramática;
  • União do religioso e do profano;
  • Racionalismo;
  • Dualismo;
  • Jogo de contrastes;
  • Exagero e rebuscamento;
  • Uso de figuras de linguagem;
  • Valorização dos detalhes;
  • Cultismo (jogo de palavras);
  • Conceptismo (jogo de ideias).

Principais autores e obras do Barroco 

2. ARCADISMO

O Arcadismo é uma escola literária que surgiu na Europa no século XVIII, mais precisamente entre 1756 e 1825.

No Brasil, esse movimento literário foi expressivo durante a segunda metade do século XVIII. Seus principais autores viveram em Vila Rica, atual Ouro Preto, em Minas Gerais. 

A Inconfidência Mineira é um evento que está muito ligado a essa vertente literária. 

O marco inicial do Arcadismo no Brasil foi a publicação de Obras Poéticas, de Cláudio Manuel da Costa, em 1768.

Em termos de análise literária, é possível dizer que esse movimento teve três manifestações diferentes: as obras líricas, as satíricas e as épicas.

Características do Arcadismo

  • Exaltação da natureza
  • Valorização do cotidiano e da vida simples, pastoril e no campo (bucolismo)
  • Crítica a vida nos centros urbanos
  • Linguagem simples
  • Utilização de pseudônimos
  • Objetividade
  • Temas simples: amor, vida, casamento, paisagem
  • Fugere Urbem (fugir da cidade)
  • Inutilia Truncat (cortar o inútil)
  • Aurea Mediocritas (mediocridade áurea/vida comum)
  • Locus Amoenus (refúgio ameno/agradável)

Os principais escritores do Arcadismo

3. REALISMO 

O Realismo tem origem na França. No Brasil, ele surge depois do Romantismo e antes do Simbolismo, compreendendo os anos 1881 a 1893 – mesma época em que o Naturalismo e o Parnasianismo também ocorreram.

Marcado pela objetividade, pela veracidade e pela denúncia social, o Realismo brasileiro tem início com a obra Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, publicada em 1881.

Após a publicação desse romance, o escritor também publicou duas outras grandes obras realistas: Quincas Borba e Dom Casmurro.

Quando o Realismo surge no Brasil, o país passava por muitas mudanças, entre elas o processo de abolicionismo e a proclamação da República.

Todo esse cenário levou os autores realistas a rejeitarem a subjetividade e o sentimentalismo, recorrendo também a uma linguagem mais objetiva e analítica.

Não é à toa que o narrador realista faz frequentemente críticas sociopolíticas, centrada nos acontecimentos contemporâneos e na análise psicológica dos personagens.

Características do realismo brasileiro

  • Inversão dos ideais do Romantismo;
  • Enfoque no homem e no seu cotidiano;
  • Crítica social;
  • Linguagem simples e objetiva;
  • Personagens e ambientes descritos de forma detalhada.

Principais obras do realismo brasileiro

  • Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis (1881)
  • Dom Casmurro, de Machado de Assis (1899)
  • Quincas Borba, Machado de Assis (1891)
  • O Ateneu, de Raul Pompeia (1888)
  • Canções sem Metro, de Raul Pompeia (1900)

Machado e Pompeia são os autores que possuem obras com as características marcantes do realismo. Além de ambos, Aluísio Azevedo, Rodolfo Teófilo e Visconde de Taunay também têm trabalhos com marcas realistas.

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4. MODERNISMO 

O modernismo no Brasil foi um movimento artístico, cultural e literário que se caracterizou pela liberdade estética, o nacionalismo e a crítica social.

Inspirado pelas inovações artísticas das vanguardas europeias (cubismo, futurismo, dadaísmo, expressionismo e surrealismo), o modernismo teve como marco inicial a Semana de Arte Moderna, que se realizou entre os dias 11 e 18 de fevereiro de 1922, no Theatro Municipal de São Paulo.

O modernismo no Brasil pode ser dividido em três fases, também chamadas de gerações. Conheça quais são:

Primeira fase modernista (1922-1930) – a fase heroica ou de destruição

A primeira fase do modernismo esteve voltada para a busca de uma identidade nacional.

Nesse momento, diversos artistas aproveitaram a agitação causada pela Semana de Arte Moderna para romper com os modelos preconcebidos que, segundo eles, eram limitados e impediam a criatividade.

Inspirado nas ideias das vanguardas artísticas europeias, os artistas buscam uma renovação estética. Por esse motivo, ela é conhecida como a "fase heroica", sendo a mais radical de todas.

É também chamada de "fase de destruição", pois propunha a destruição dos modelos que vigoravam no cenário artístico-cultural do país.

Características da primeira fase modernista

  • fase mais radical e nacionalista;
  • busca de uma identidade nacional;
  • maior liberdade formal com rupturas da sintaxe;
  • presença de regionalismos e linguagem informal;
  • valorização do folclore, arte e cultura popular brasileira;
  • uso de versos livres, que não possuem métrica (medida);
  • uso de versos brancos, com ausência de rimas;
  • utilização do sarcasmo e da ironia.

Autores e obras da primeira fase modernista

  • Mario de Andrade (1893-1945) - Obras: Paulicéia Desvairada (1922), Amar, Verbo Intransitivo (1927) e Macunaíma (1928).
  • Oswald de Andrade (1890-1954) - Obras: Os condenados (1922), Memórias Sentimentais de João Miramar (1924) e Pau Brasil (1925).
  • Manuel Bandeira (1886-1968) - Obras: A cinza das horas (1917), Carnaval (1919) e Libertinagem (1930).

Segunda fase modernista (1930-1945) - a fase de consolidação ou geração de 30

A segunda fase do modernismo, chamada de fase de consolidação ou geração de 30, começou em 1930 e durou até 1945, quando terminou a Segunda Guerra Mundial.

Ela apresentava maior equilíbrio e racionalidade em seus escritos.

Foi um momento de amadurecimento da literatura brasileira, caracterizado por temáticas nacionalistas, regionalistas e de caráter social, com predomínio de uma literatura mais crítica e revolucionária.

Além da prosa de ficção, a poesia brasileira também se consolidou nesse período — o que significou o maior êxito para os modernistas.

Características da segunda fase modernista

  • fase de consolidação do modernismo no Brasil;
  • vasta produção literária em poesia e prosa (poesia de 30 e romance de 30);
  • valorização do regionalismo e da linguagem popular;
  • utilização de versos livres, sem métrica, e brancos, sem rimas;
  • crítica à realidade social brasileira;
  • valorização da diversidade cultural do país;
  • temática cotidiana, social, histórica e religiosa.

Autores e obras da segunda fase modernista

  • Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) - Obras: Alguma poesia (1930), A Rosa do povo (1945) e Claro Enigma (1951).
  • Murilo Mendes (1901-1975) - Obras: Poemas (1930), A poesia em pânico (1937) e As metamorfoses (1944).
  • Jorge de Lima (1893-1953) - Obras: Novos poemas (1929), O acendedor de lampiões (1932) e O anjo (1934).
  • Cecília Meireles (1901-1964) - Obras: Espectros (1919), Romanceiro da Inconfidência (1953) e Batuque, Samba e Macumba (1935).
  • Vinicius de Moraes (1913-1980) - Obras: Poemas, Sonetos e Baladas (1946), Antologia Poética (1954), Orfeu da Conceição (1954).
  • Graciliano Ramos (1892-1953) - Obras: Vidas Secas (1938), São Bernardo (1934), Angústia (1936), Memórias do cárcere (1953).
  • José Lins do Rego (1901-1957) - Obras: Menino do Engenho (1932), Doidinho (1933), Banguê (1934) e Fogo morto (1943).
  • Jorge Amado (1912-2001) - Obras: O País do Carnaval (1930), Mar morto (1936) e Capitães da areia (1937).
  • Rachel de Queiroz (1910-2003) - Obras: O quinze (1930), Caminho das pedras (1937) e Memorial de Maria Moura (1992).
  • Érico Veríssimo (1905-1975) - Obras: Olhai os lírios do campo (1938), O Tempo e o Vento - 3 volumes (1948-1961) e Incidente em Antares (1971).

Terceira fase modernista (1945-1960) — a geração de 45

Com o fim da Segunda Guerra Mundial e o processo de redemocratização do país, em 1945, a arte brasileira produzida na terceira fase do modernismo ganha novos contornos e linguagens.

Muitos críticos literários defendem que essa fase terminou em 1960, enquanto outros acreditam que ela perdura até o presente.

Esse momento, que ficou conhecido como “Geração de 45”, reuniu um grupo de escritores, muitas vezes chamados de neoparnasianos, que buscavam uma poesia mais equilibrada e objetiva.

Além da poesia, há uma diversidade grande na prosa com a prosa urbana, intimista e regionalista.

Características da terceira fase modernista

  • linguagem mais objetiva e equilibrada;
  • influência do Parnasianismo e Simbolismo;
  • oposição à liberdade formal;
  • forte preocupação com a estética e a perfeição;
  • valorização da métrica e da rima;
  • temática social e humana.

Autores e obras da terceira fase modernista

  • Mario Quintana (1906-1994) - Obras: Rua dos cataventos (1940), Canções (1946) e Baú de espantos (1986).
  • João Cabral de Melo Neto (1920-1999) - Obras: Pedra do sono (1942), O cão sem plumas (1950) e Morte e vida severina (1957).
  • Guimarães Rosa (1908-1967) - Obras: Sagarana (1946), Primeiras Estórias (1962) e Grande Sertão: Veredas (1956).
  • Clarice Lispector (1920-1977) - Obras: Perto do coração selvagem (1942), A paixão segundo G. H (1964) e A hora da estrela (1977).
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RESUMO DAS ESCOLAS LITERÁRIAS BRASILEIRAS QUE MAIS APARECEM NO ENEM

Escolas literárias

Características

Autores e Obras

Barroco (1601 - 1768)

Caracteriza-se pelos detalhes, pelo exagero e pelo rebuscamento. Destacam-se os conceitos de cultismo e o conceptismo.

  • Gregório de Matos - Triste Bahia
  • Bento Teixeira - Prosopopeia
  • Botelho de Oliveira - Música do Parnaso

Arcadismo (1768 - 1808)

Exaltação da natureza e linguagem simples. É marcado principalmente pela simplicidade dos temas abordados.

  • Cláudio Manuel da Costa - Obras Poéticas
  • Santa Rita Durão - Caramuru
  • Tomás Antônio Gonzaga - Marília de Dirceu

Realismo (1881 - 1893)

É marcado pela objetividade, temática social e linguagem objetiva.

  • Machado de Assis - Memórias Póstumas de Brás Cubas

Modernismo (1922 - 1950)

Divide-se em três fases:


  • 1.ª fase: renovação estética, radicalismo
  • 2.ª fase: temáticas nacionalistas
  • 3.ª fase: inovações linguísticas e experimentações artísticas


  • 1.ª fase: Manuel Bandeira - Libertinagem
  • 2.ª fase: Graciliano Ramos - Vidas Secas
  • 3.ª fase: Clarice Lispector - A Legião Estrangeira

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Mariana Moraes

Por Mariana Moraes

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