Machado de Assis foi um dos autores mais importantes da literatura brasileira. Não é à toa que muitos críticos, estudiosos, escritores e leitores o consideram o maior nome da literatura nacional até os dias de hoje.
O escritor possui uma vasta obra, que inclui romances, poesias, contos e até mesmo peças de teatro. Contudo, as obras que mais se destacam em sua literatura são as que fazem parte da chamada Trilogia Realista.
Afinal, o Realismo nas obras de Machado de Assis é um dos aspectos mais estudado por pesquisadores e também mais um dos mais cobrados nas provas de vestibular e no Enem.
Pensando nisso, neste artigo, trazemos mais detalhes sobre o Realismo presente nos livros de Machado de Assis e apresentamos as três obras que correspondem a esse estilo literário. Confira!
Aqui você vai ver:
Quem foi Machado de Assis
O Realismo na literatura brasileira
A Trilogia Realista de Machado de Assis
1. Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881)
2. Quincas Borba (1891)
3. Dom Casmurro (1899)
Quem foi Machado de Assis
Joaquim Maria Machado de Assis — ou Machado de Assis — nasceu em 21 de junho de 1839, no Rio de Janeiro.
Ele foi poeta, romancista, cronista, dramaturgo, contista, folhetinista, jornalista, crítico literário e um dos fundadores e primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras.
Em vida, o escritor publicou mais de 200 contos, 10 romances e publicações de diversos gêneros, como folhetins, peças teatrais, contos e crônicas.
Ele também testemunhou importantes momentos da história brasileira, como a abolição da escravatura e a transição de Império para República, além das mais diversas reviravoltas do século XIX e início do XX.
Em suas obras, é possível identificar vários desses momentos históricos, o que o fez ficar conhecido como um grande observador e analista dos eventos político-sociais de sua época.
Os primeiros romances de Assis – Ressurreição, A Mão e a Luva, Helena e Iaiá Garcia — caracterizam a fase romântica do escritor.
A partir da publicação Memórias Póstumas de Brás Cubas, teve início sua fase realista.
Nela, o autor revelou seu incrível talento para análise do comportamento humano, mostrando a vaidade, o egoísmo e a hipocrisia da sociedade por trás dos atos bons e honestos em suas obras.
Não é à toa que a fase realista do autor é uma das mais celebradas até os dias de hoje. Ao longo deste artigo, falaremos mais sobre ela.
Machado de Assis faleceu em 1908, aos sessenta e nove anos de idade.
Desde então, tornou-se um dos escritores mais emblemáticos de todos os tempos, razão pela qual aparece todos os anos nas questões dos principais vestibulares e do Enem.
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O Realismo na literatura brasileira
O Realismo tem origem na França. No Brasil, ele surge depois do Romantismo e antes do Simbolismo, compreendendo os anos 1881 a 1893 – mesma época em que o Naturalismo e o Parnasianismo também ocorreram.
Marcado pela objetividade, pela veracidade e pela denúncia social, o Realismo brasileiro tem início com a obra Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, publicada em 1881.
Quando o Realismo surge no Brasil, o país passava por muitas mudanças, entre elas o processo de abolicionismo e a proclamação da República.
Todo esse cenário levou os autores realistas a rejeitarem a subjetividade e o sentimentalismo, recorrendo, por isso, a uma linguagem mais objetiva e analítica.
Não é à toa que o narrador realista faz frequentemente críticas sociopolíticas, centrada nos acontecimentos contemporâneos e na análise psicológica dos personagens.
Confira as principais características do Realismo brasileiro:
- Inversão dos ideais do Romantismo;
- Enfoque no homem e no seu cotidiano;
- Crítica social;
- Linguagem simples e objetiva;
- Personagens e ambientes descritos de forma detalhada.
As principais obras do Realismo brasileiro são:
- Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis (1881);
- Dom Casmurro, de Machado de Assis (1899);
- Quincas Borba, Machado de Assis (1891);
- O Ateneu, de Raul Pompeia (1888);
- Canções sem Metro, de Raul Pompeia (1900).
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O Realismo nas obras de Machado de Assis
Ao falar do Realismo brasileiro, você deve ter notado que três das principais obras dessa corrente literária são de Machado de Assis, não é mesmo? E isso não acontece à toa: o autor é visto como um dos principais expoentes desse estilo literário.
As obras de Machado de Assis são divididas em duas fases. A primeira faz parte do Romantismo.
Essa fase é caracterizada pelas obras que mostram personagens buscando uma ascensão social — mas sem fazer críticas à sociedade. A Mão e a Luva (1874) e Helena (1876) são alguns exemplos do período.
Na década de 1880, contudo, o autor muda seu estilo, e suas obras se tornam totalmente realistas. Essa é a segunda fase da literatura de Machado de Assis.
A partir de então, seus escritos são permeados por análises psicológicas dos personagens, análise da sociedade e crítica aos ideais românticos.
Além disso, há uma mudança formal, com frases e capítulos curtos, e a utilização do recurso de diálogo com o leitor.
É interessante pontuarmos, inclusive, que a inauguração do Realismo no Brasil se dá com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881) — que já conta com as principais características desta fase do autor: pessimismo, ironia, espírito crítico e uma profunda reflexão sobre a sociedade brasileira.
Confira mais características da fase realista de Machado de Assis:
- Antirromantismo;
- Objetividade;
- Valorização da razão;
- Crítica à elite burguesa;
- Análise psicológica;
- Fluxo de consciência;
- Crítica sociopolítica;
- Temática do adultério;
- Foco no momento presente;
- Reflexão sobre a corrupção humana.
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A Trilogia Realista de Machado de Assis
Agora que você já sabe mais sobre o Realismo presente nas obras de Machado de Assis, vamos conhecer a Trilogia Realista do autor?
Confira abaixo os três romances de Machado de Assis que fazem parte do Realismo:
1. Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881)
O livro Memórias Póstumas de Brás Cubas foi publicado em 1881.
A obra é narrada em primeira pessoa por Brás Cubas, o personagem principal. Ele é um "defunto-autor", isto é, um homem que já morreu e escreve sua autobiografia.
Na obra, Brás Cubas narra sua vida de privilégios, relatando diversos momentos da sua infância, adolescência e fase adulta.
Ao longo do seu relato, é possível identificar diversos traços da sociedade da época, como a escravidão, as classes sociais, o cientificismo e o positivismo.
Além disso, repleto de ironias, metáforas e eufemismos, Machado conseguiu representar nessa obra diversas críticas sociais, inclusive à elite da época.
Outra característica marcante da narrativa é a mudança no enredo linear com começo, meio e fim para um com mescla de tempo. Não é à toa que a obra termina com um capítulo em que Brás Cubas resume tudo que foi negativo na sua vida.
Assim, podemos afirmar que o livro foge dos padrões clássicos, associados com um final feliz e com a linearidade dos fatos.
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2. Quincas Borba (1891)
O livro Quincas Borba foi publicado em 1891. A obra é composta de 201 capítulos curtos.
Ela conta a história de Rubião, um professor de Barbacena que herda os bens de seu amigo Quincas Borba. A única condição era que Rubião cuidasse do cão do falecido, que possui o mesmo nome do dono, ou seja, Quincas Borba.
Na obra, o novo rico se muda para o Rio de Janeiro e passa a ser explorado por “amigos”, como o casal Sofia e Cristiano Palha.
Assim, em meio a ironias, o narrador relata o gradual processo de enlouquecimento de Rubião, que, no final da história, acredita ser o imperador francês Luís Napoleão.
O romance tem como principal característica o foco nas relações sociais da época. Temas como interesse, traição, poder, aparência, loucura, ironia, imoralidade e falsidade são salientados nesta obra de Machado.
Vale notar que na obra Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba é citado pelo escritor. Por isso, acredita-se que Quincas Borba pode ser considerado (em partes) uma continuação de Brás Cubas.
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3. Dom Casmurro (1899)
O romance Dom Casmurro foi publicado em 1899.
Ele é narrado em primeira pessoa pelo seu personagem principal: Bento de Albuquerque Santiago (Bentinho), um advogado solitário que rememora os principais fatos de sua vida.
O foco principal de sua narrativa é o possível triângulo amoroso entre ele, Capitu e Escobar.
A história começa apresentando a relação de Bentinho e Capitu, apaixonados um pelo outro desde a adolescência.
Eles têm que enfrentar um obstáculo à realização de seus anseios amorosos, pois a mãe de Bentinho, D. Glória, fez uma promessa de que seu filho seria padre.
No seminário, contudo, Bentinho conhece Escobar, que se torna seu melhor amigo e encontra uma solução para o problema: em vez do filho, D. Glória deve fazer padre “algum mocinho órfão”.
Dessa maneira, Bentinho, finalmente, consegue sair do seminário e se casa com Capitu.
A trama, porém, atinge seu ponto alto quando, finalmente casado com Capitu, Bentinho começa a suspeitar que ela teve um relacionamento extraconjugal com Escobar.
A dúvida acerca da traição de Capitu é um dos dilemas literários mais famosos e propõe questionamentos acerca do amor, da família, da amizade e do lugar da mulher na sociedade brasileira.
Além disso, a obra, de caráter antirromântico, apresenta, de forma irônica, uma crítica à burguesia carioca do século XIX, mostrando a vida como ela é e sem floreios.
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E aí, gostou de conhecer mais sobre as obras realistas de Machado de Assis?
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Desejamos sucesso na sua trajetória!